quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Peixe morto, de Marcus Vinícius de Freitas.

"Os peixes inundavam a boca. Meia dúzia de acarás foi enfiada pela boca do morto, com os rabos deixados para fora, presos por uma espécie de cambão de arame que varava as bochechas, num arremedo de anzol. O corpo boiava meio de lado, massa inerte entre a marola e a sujeira da lagoa, mordiscado por carazinhos. Não notei logo o inusitado da boca – o pescador foi quem me apontou o detalhe grotesco – pois o estado terrível do corpo absorvia toda a atenção. A pele do tronco havia sido arrancada a partir de cortes regulares na base do pescoço e nas dobras das axilas. ‘Talho de taxidermista’, pensei comigo, numa sensação misturada de assombro e encantamento.” É a partir de uma pergunta que atormenta o personagem central que a história de 'Peixe Morto' se desenrola - 'Mas quem poderia ter matado Ascânio Guedes?'. Trata-se da história de um personagem que vê sua vida mudar quando vestígios de um crime brutal apontam para o seu trabalho de historiador das ciências especializado em Criacionismo.  Peixe Morto (Belo Horizonte: Autêntica, 2008), ganhador do Prêmio Petrobrás Cultural 2007 para projetos de ficção e finalista do Prêmio São Paulo de Literatura 2009. Fonte: Editora Autêntica.

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