O comando negro, 2009,
inaugura a nova coleção policial da Editora Globo e marca uma virada na
carreira literária do autor. Se o “realismo fantástico” caracterizou
suas primeiras obras, ele agora parte para o “realismo brutal” do
romance policial noir, centrado na realidade crua e no policial “durão”. A filha de um grande empresário paulistano vai
parar no esconderijo do traficante Nenzinho, líder da facção criminosa
conhecida como “Comando Negro”. O investigador Medeiros, do 113º DP,
bairro de Campo Grande, é então convocado a trazer a garota de volta. A
fim de se infiltrar no quartel-general do “Comando”, Medeiros, apesar de
visceralmente íntegro, vê-se obrigado a assumir a condição de renegado
da polícia e a agir fora da lei, além de poder contar a partir de agora
apenas com sua coragem e sua esperteza. Caminho certo para uma dura
crise existencial em meio ao caos e à violência, para não falar da
“porrada” adicional de uma grande perda amorosa. Em seu segundo romance policial (depois de A
boneca platinada e antes de As jóias da coroa, inédito, com os quais O comando negro compõe uma trilogia), Álvaro Cardoso Gomes cria uma
aventura policial clássica, com linguagem crua e ritmo frenético,
centrada num personagem da mesma linhagem de Philip Marlowe, Sam Spade e
Mike Hammer, além de cheia de referências ao seu universo ficcional
(“Liguei o som, e a voz de Nina Simone, cantando Alone again, encheu o
ambiente”). Mas, ao mesmo tempo (“Os tiros, os gritos e o cheiro de
sangue me conduzem outra vez pelas ruas esburacadas de Engenheiro
Marsilac, aquele fim do mundo...”), o livro transporta toda a força do
gênero para uma realidade muito mais próxima, e ainda mais brutal: o
mundo do crime organizado, do tráfico de drogas e da corrupção policial
no cenário sombrio da periferia de São Paulo. Fonte: Editora Globo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário