O delegado Espinosa, protagonista de outros romances de Luiz Alfredo
Garcia-Roza, enfrenta um de seus casos mais enigmáticos: o assassinato
de um anônimo sem-teto no alto de uma ladeira de Copacabana, na
fronteira entre a cidade e a mata. Contra a tendência geral numa cidade
violenta como o Rio, em que os homicídios ocorrem diariamente às
dezenas, o delegado não arquiva o processo nem esquece o incidente, mas
mobiliza toda a sua inteligência para elucidar o mistério, sempre
acompanhado por seus fiéis auxiliares, o inspetor Ramiro e o detetive
Welber. Outro assassinato, este de uma profissional bem-sucedida, ocorrido em
Ipanema, vem se embaralhar ao primeiro. Convencido de que os dois
crimes, aparentemente tão díspares, estão interligados, Espinosa vê
crescer à sua volta uma rede de mistérios que envolve perversões
sexuais, traumas de infância, trocas de identidade e surtos psicóticos.
Com a narrativa engenhosa e enxuta que o transformou num dos mestres do
gênero policial no Brasil, Garcia-Roza conduz seu personagem, e com ele o
leitor, por uma exploração da topografia social carioca e, ao mesmo
tempo, do terreno movediço da mente humana, servindo-se discretamente e
sem pedantismo de seu vasto conhecimento de psicanálise e filosofia. Em
nenhum romance anterior do autor ficaram tão evidentes os nexos entre a
investigação policial e o trabalho psicanalítico. Com isso, Espinosa sem saída, 2006, além de atestar a perícia
narrativa de Garcia-Roza, brinda o leitor com uma história empolgante
que é, ao mesmo tempo, um convite à reflexão sobre as relações humanas
no Brasil contemporâneo. Fonte: Companhia das Letras.
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