"Homem ao mar, 2011, é uma ficção policial. Joaquim Nogueira, seu autor, sempre gostou de histórias policiais, com crimes, mortes, com suspenses e violência, e dos acontecimentos do mundo marginal. Nesse terceiro romance, qualquer semelhança talvez não seja uma mera coincidência para esse escritor que se aposentou como delegado e por isso transitou no mundo real do crime que, para ele, hoje é pura ficção. Joaquim Nogueira disse que, ao escrever Homem ao mar, partiu de uma situação psicológica de seu personagem para iniciar o romance e fazer dele uma narrativa diferente, distante dos padrões de um romance convencional do gênero em que há um crime, investigações e por fim o esclarecimento do fato, com culpados e um desfecho esperado para a história. (...) Nesse romance, não é somente o marginal que é brasileiro, também os investigadores e policiais têm um perfil mais próximo da realidade do país. Sua vivência numa profissão policial ofereceu matéria-prima de sobra para as nuances de seus personagens. Em clima noir, como seus outros dois romances, Homem ao mar, afinal, é uma história de todos aqueles para cuja vida não há salvação nem resgate. “Quis escrever uma história policial do ponto de vista do assassino, que é também vítima. Um marginal que narra os fatos não para um público, para um leitor eventual, mas para si mesmo. Caído na rua, de noite, baleado, tentando manter a lucidez, o bandido conta sua história para si mesmo, sem técnica, sem esmero, até mesmo sem clareza, às vezes. E sua história é um rol de contradições, incoerências, obscuridades. O personagem é torpe, mas é também romântico e sincero, frio no cometimento dos crimes mas também sentimental em relação às pessoas que ama, honesto e desonesto, humilde e ganancioso, capaz dos maiores gestos e das maiores baixarias. O mistério da história não é resolvido, de modo que não há uma “satisfação ao leitor”. Alexandre da Silva, que tem outras identidades, não quer ensinar nada a ninguém, nem a ele mesmo. Gostaria de voltar aos braços da mãe, mas aos 40 anos, caído na rua, ferido a bala e morto de medo, é um pouco tarde para isso”, diz o autor. Outros livros do autor: Informações sobre a vítima (2002) e Vida pregressa (2003), ambos pela editora Companhia das Letras". Fonte: Livraria Cultura.
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