Luiz Lopes Coelho é um desses raros autores brasileiros que partiram
para o ramo de Agatha Christie com um brilhantismo impressionante.
Usando um estilo sóbrio, uma linguagem escorreita, sabe conduzir o
leitor de um a outro episódio com o mesmo fascínio que lhe causa desde
as primeiras páginas. E dando a esse gênero literário todo um sabor
nosso, veio provar serem falsas as teorias que pretendiam atestar a
inexistência de uma literatura policial em nosso idioma. Luís Martins.
por exemplo. afirmava que "a novela policial só pode desenvolver-se em
países cujas instituições políticas e jurídicas se baseiam em normas
essencialmente democráticas, em que haja realmente um autêntico respeito
pela pessoa humana." E mais cético: "Se o romancista, entre nós, não
quisesse fazer obra inteiramente falsa, sem qualquer possibilidade de
convencer o leitor, deveria criar sua hipótese dramática de acordo com o
que de fato aconteceria no caso de um crime real: a polícia começaria
prendendo todos os suspeitos, e a obra não passaria da terceira página,
isto é. não haveria romance, e sim uma trágica descrição de
espancamentos. interrogatórios, torturas físicas e notícias berrantes
nos jornais de escândalo.
Luiz Lopes Coelho. brilhante causídico paulista, pôde, contrariando a
opinião de Luís Martins, demonstrar que há campo para o romance policial
no Brasil. Nos seus contos apresenta um delegado sereno, grisalho, bastante arguto e inteligente. O Dr, Leite. que vai aos poucos
desvendando todos os mistérios que envolvem certos crimes. E, sem usar
precipitações, também o autor descerra a sucessão das cenas de tal modo
que o leitor possa acompanhar os fatos, inteirando-se dos pormenores sem
esforço e ganhando facilmente fôlego para ir ao fim de cada narrativa."Seu livro O homem que matava quadros mereceu os mais amplos aplausos da
crítica. Nomes famosos em nossa literatura confirmam a excelência de
seus contos:
"Contos, todos. da melhor qualidade literária, com todos os ingredientes
de ''''suspense'''' e imprevisto que são o encanto desse tipo de
ficção. As narrativas de Luiz Lopes Coelho são de molde a nos prender a
atenção pelo toque de sensação que há em cada página; pelo frisson de
vida que dá vibração a cada história; pela autenticidade humana que
marca os tipos e os fatos," (Waldemar Cavalcanti).
"Esse espírito, essa leveza de Luiz Lopes Coelho é que fazem de seu
livro uma coletânea de contos de gostosa leitura." (José Condé)
Daí, o estímulo que devemos levar aos nossos jovens, apontando-Ihes
obras de tal qualidade. em que o gosto da leitura de tal gênero se vai
aliar à apreciação de um agradável estilo e de uma linguagem sem
deturpações e vícios, toda singela e limpa, dando aos leitores os
melhores momentos de deleite, ao mesmo tempo que os enche de emoção. Publicado em 1957. Fonte: http://pt.shvoong.com/books/1768765-morte-envelope/#ixzz1cdXz7nxi.
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